29 fevereiro 2012

Médium "universalista" diz receber mensagens de deus grego

"Muitas comunicações há, de tal modo absurdas, que, embora assinadas com os mais respeitáveis nomes, o senso comum basta para lhes tornar patente a falsidade. Outras, porém, há, em que o erro, dissimulado entre coisas aproveitáveis, chega a iludir, impedindo às vezes se possa apreendê-lo à primeira vista. Essas comunicações, no entanto, não resistem a um exame sério. (...) De fato, a facilidade com que algumas pessoas aceitam tudo o que vem do mundo invisível, sob o pálio de um grande nome, é que anima os Espíritos embusteiros. A lhes frustrar os embustes é que todos devem consagrar a máxima atenção; mas, a tanto ninguém pode chegar, senão com a ajuda da experiência adquirida por meio de um estudo sério. Daí o repetirmos incessantemente: Estudai, antes de praticardes, porquanto é esse o único meio de não adquirirdes experiência à vossa própria custa." (Allan Kardec, em "O Livro dos Médiuns")

Na Antiguidade, os povos não possuíam meios de explicar os fenômenos naturais e emprestaram a esses fenômenos nomes de deuses, considerando-os como tais. O trovão inspirava um deus, a chuva outro. O céu era um deus pai, e a terra uma deusa mãe, sendo os demais seres seus filhos. Originaram-se, a partir daí, histórias e aventuras que explicavam de forma poética o mundo que os rodeava. Esses núcleos arquetípicos mitológicos recebem o nome de "mitologemas". A um conjunto de mitologemas de mesma origem histórica dá-se o nome de "mitologia".

A Mitologia Grega, especificamente falando, "é o estudo dos conjuntos de narrativas relacionadas aos mitos dos gregos antigos, de seus significados e da relação entre eles e os povos" (Wikipedia), e advém de uma mistura entre a cultura dos indo-europeus, pré-gregos, e até mesmo dos asiáticos, egípcios e outros povos com as quais os gregos estabeleceram contato.

O estudo da genealogia e filiação das divindades cultuadas pelos gregos chama-se "teogonia", o mesmo nome da obra do poeta Hesíodo, escrita possivelmente no século VIII a.C.

Segundo a teogonia imaginada pelos gregos, toda a desordem universal teria sido posta em ordem por Zeus e se desenvolve por seis gerações sucessivas de deuses. Zeus, em determinado momento, casa-se com Maia, uma das setes filhas de Atlas e Pleione, filha de Oceano. Zeus, para que Maia e sua irmãs escapassem do gigante Órion, transformou-as no aglomerado estelar das Plêiades, integrante da constelação de Touro. Com Zeus, Maia teve Hermes, o belo mensageiro dos deuses. E é justamente sobre Hermes, essa figura mitológica que só existiu nas narrativas dos gregos antigos, que iremos tratar daqui por diante.

Segundo a Encyclopaedia Britannica – Volume XI, Hermes Trismegisto "é uma divindade complexa, com múltiplos atributos e funções. Hermes foi no início um deus agrário, protetor dos pastores e dos rebanhos. Um escrito de Pausânias deixa bem claro esta atribuição do filho de Maia: 'Não existe outro deus que demonstre tanta solicitude para com os rebanhos e para com o seu crescimento'. Mais tarde, os escritores e os poetas ampliaram o mito, como por exemplo, Homero, nos seus poemas épicos Ilíada e Odisseia. Na Odisseia, por exemplo, o deus intervém como mago e como condutor de almas (nas Rapsódias X e XXIV)."

Segundo ainda a farta literatura sobre o assunto, Hermes é também o deus das estradas. Nas encruzilhadas, para servir de orientação, os transeuntes amontoavam pedras e colocavam no topo do monte a imagem da cabeça do deus. A pedra lançada sobre um monte de outras pedras, simbolizava a união do crente com o deus ao qual elas estavam consagradas. Considerava-se que nas pedras do monte estavam a força e a presença do divino.

Para os gregos, Hermes regia as estradas porque andava com incrível velocidade, por usar as sandálias providas de asas. Deste modo, tornou-se o mensageiro dos deuses, principalmente de seu pai, Zeus. Conhecedor dos caminhos, não se perdendo nas trevas e podendo circular livremente nos três níveis (Hades ou infernos, Terra ou telúrico e Paraíso ou Olimpo), Hermes tornou-se um deus condutor de almas.

A astúcia, a inventividade, o poder de tornar-se invisível e de viajar por toda a parte, aliados ao caduceu com o qual conduzia as almas na luz e nas trevas, são os atributos que exaltam a sabedoria de Hermes, principalmente no domínio das ciências ocultas, que se tornarão, na época helenística, as principais qualidades do deus.

A partir deste ponto, Hermes se converteu no patrono das ciências ocultas e esotéricas. É ele quem sabe e quem transmite toda a ciência secreta. O feiticeiro Lúcio Apuléio declara em seu livro de bruxaria (de magia) que invocava Mercúrio – o Hermes dos romanos – como sendo aquele que possuía os segredos da magia e do ocultismo.

Hermes Trismegisto é o nome grego dado ao deus egípcio Thoth, considerado o inventor da escrita e de todas as ciências a ela ligadas, inclusive a medicina, a astronomia e a magia. Segundo o historiador Heródoto, já no séc. V a.C. Thoth era identificado e assimilado a Hermes Trismegisto, i.e., ao Três Vezes Poderoso Hermes.

No mundo greco-latino, sobretudo em Roma, com os gnósticos e neoplatônicos, Hermes Trismegisto se converteu num deus cujo poder varou os séculos. Na realidade, Hermes Trismegisto resultou de um sincretismo com o Mercúrio latino e com o deus egípcio Thoth, o escrivão no julgamento dos mortos no Paraíso de Osíris, e patrono de todas as ciências na Grécia Antiga.

Em Roma, a partir dos primeiros séculos da era cristã, surgiram muitos tratados e documentos de caráter religioso e esotérico que se diziam inspirar-se na religião egípcia, no neoplatonismo e no neopitagorismo. Esse vasto conjunto de escritos que se acham reunidos sob o nome de "Corpus Hermeticum", coleção relativa a Hermes Trismegisto, é uma fusão de filosofia, religião, alquimia, magia e astrologia, e tem muito pouco de egípcio.

Hermes Trismegisto foi, na Mitologia Grega, o deus que reuniu os atributos que todos os grandes pensadores e iniciados desejaram transmitir às futuras gerações.

O Hermetismo foi estudado durante séculos pelos árabes e, por seu intermédio, chegou ao Ocidente, onde influenciou homens como Albertus Magnus. Em toda a literatura Medieval e do Renascimento são frequentes as referências a Hermes Trismegistos e aos Escritos Herméticos, estudados e aprofundados, principalmente, pelos Alquimistas e pelos Rosacruzes. Para os Rosacruzes, Hermes Trismegistos foi um sábio. O Dr. H. Spencer Lewis, escritor e Grande Mestre da Ordem Rosacruz, se referia a Hermes como uma pessoa real.

É justamente baseado e confiante neste enorme engano que o médium ramatisista Roger Bottini afirma que, - pasmém os queridos leitores -, psicografa mensagens de Hermes Trismegisto (cujo sobrenome aparece erroneamente grafado em seus livros), o deus da mitologia grega! Segundo o referido médium, já citado aqui nos artigos "Saint Germain, Novo 'Governador do Planeta' ou apenas um Bon Vivant?", "Universalismo Crístico ou Misticismo anti-espirítico?" e "Insistindo nos mesmos erros", Hermes Trismegisto é seu espírito protetor e, certa feita, o levou, em desdobramento, a uma cidade astral chamada "O Império do Amor Universal" ("A História de um Anjo" - Editora do Conhecimento). Ali Roger Bottini teria conhecido um anjo chamado Gabriel, que o leva a uma visita ao "Templo da União Divina", onde assiste a espetáculos de música, teatro, e danças. Daí conhece Danúbio, espírito de suposta alta hierarquia que diz ser o protetor responsável por sua encarnação na Terra. Em uma reunião de confraternização, o médium relata, no mesmo livro já citado, ter visto Jesus e recebido do próprio uma benção pelo seu trabalho literário em benefício da humanidade.

Vemos aí, claramente, que o médium não se faz de rogado e, sem qualquer timidez e ao mesmo tempo fingindo modéstia, coloca-se sempre acompanhado de sumidades do além, entre eles o próprio Jesus Cristo, que ainda o elogia por sua elevada missão. Nada que nos surpreenda, já que o médium Roger Bottini declara ter sido, também, como já comentamos em artigos anteriores, filho de Allan Kardec em outras encarnações.

Em meio a narrativas onde comparecem faraós egípcios e habitantes da mitológica Atlântida, surgem "dragões" e "magos negros", "ditadores do abismo" e "senhores da escuridão", onde fica evidenciado que o autor, em linhas gerais, pega carona nos textos da sofrível obra de R.A. Ranieri conhecida como “O Abismo”, no livro “Erg, O Décimo Planeta” de Roger Feraudy (que aponta o auge dos eventos catastróficos na Terra para o ano 2036), além dos não menos fantasiosos livros “Legião”, “Senhores da Escuridão” e “A Marca da Besta”, de Robson Pinheiro. Todos esses autores, por sua vez, parecem ter se inspirado no livro "Os Exilados de Capela", de Edgard Armond, que até hoje é confundido como sendo autenticamente espírita. Para completar, as obras de Hercílio Maes/Ramatis servem para dar o cunho sincrético e místico, assim como corroboram as profecias de destruição do planeta por conta da aproximação de um suposto "astro intruso".

Nesse conjunto de tolices e absurdos, que bem poderiam ser apresentados como meros frutos de uma imaginação hiper excitada, o que mais causa tristeza e indignação é o de atribuírem tais ludíbrios ao Espiritismo, fazendo-se passar seus autores como "espíritas", e seus conceitos como inteiramente de acordo com a magna Doutrina Espírita. Além disso, fica evidente a faceta mercantilista, onde editoras sem o menor compromisso ético e doutrinário logo se assanham em patrocinar tais empreitadas devido ao grande número de leitores ávidos por consumirem fantasias espirituais, mas pouco interessados em realmente se esclarecerem.

Por conta disso tudo, acaba caindo o Espiritismo na total falta de credibilidade perante boa parte da opinião pública, sendo que a Doutrina se coloca clara e frontalmente contrária a essa postura caricata, sensacionalista e mercantilista.

São mais do que atuais os ensinamentos espíritas, inclusive as próprias instruções de Allan Kardec e dos Espíritos Superiores acerca das mistificações:

“Se é desagradável ser enganado, mais desagradável ainda é ser mistificado; esse é, aliás, um dos inconvenientes de que mais facilmente nos podemos preservar.
“Consultando os Espíritos sobre esse tema (“mistificações), eis as respostas que nos deram:

Pergunta de AK: “As mistificações constituem um dos escolhos mais desagradáveis do Espiritismo prático; haverá um meio de nos preservarmos deles?

Resposta: “Parece-me que podeis achar a resposta em tudo quanto vos tem sido ensinado. Sim, certamente, há um meio simples: o de não pedirdes ao espiritismo senão aquilo que ele vos pode e deve dar-vos; sua finalidade é o melhoramento moral da humanidade; tanto assim que, se não vos afastardes desse objetivo, jamais sereis enganados, porquanto não há duas maneiras de se compreender a verdadeira moral, ou seja, a moral que todo homem de bom-senso pode admitir.

O papel dos Espíritos não é o de vos informar sobre as coisas deste mundo, mas o de vos guiar seguramente no que vos possa ser útil para o outro mundo. Quando vos falam do que a este (mundo dos homens) diz respeito, é que o julgam necessário, mas não para dar resposta a uma solicitação vossa. Se vedes nos Espíritos os substitutos dos adivinhos e dos feiticeiros, então, sim, é certo que sereis enganados.

Pergunta de AK: - "Mas, há pessoas que nada perguntam e que são indignamente enganadas por Espíritos que vêm espontaneamente, sem serem chamados".

Resposta: – "Se elas não perguntam nada, é porque se comprazem em ouvir o que eles dizem, o que dá no mesmo. Se acolhessem com reserva e desconfiança tudo o que se afasta do objetivo essencial do espiritismo, os Espíritos levianos não as tomariam tão facilmente por enganados".

Pergunta de AK: - "Por que permite Deus que pessoas sinceras e que aceitam o Espiritismo de boa-fé, sejam mistificadas? Não poderia isto ter o inconveniente de lhes abalar a crença?"

Resposta: – "Se isto lhes abalar a crença, é porque a fé que demonstram ter não é muito sólida; as que renunciassem ao espiritismo, por um simples desapontamento, provariam não o terem compreendido e não se apegaram à parte séria. Deus permite as mistificações, para experimentar a perseverança dos verdadeiros adeptos e punir os que do Espiritismo fazem objeto de divertimento”. (Espírito da Verdade em "O Livro dos Médiuns", cap. XXVII da Segunda Parte, nº 303).

Cabe aos espíritas sinceros darem um basta nessas ardilosas imposturas, através do esclarecimento constante e da denúncia bem fundamentada. Caso contrário, em breve teremos um Movimento Espírita completamente dominado por esses autênticos falsos profetas, sejam eles encarnados ou da erraticidade. Tal chamamento nos foi trazido por Erasto, com o qual concluímos o presente estudo:

"É incontestável que, submetendo ao crivo da razão e da lógica todos os dados e todas as comunicações dos Espíritos, fácil se torna rejeitar a absurdidade e o erro. Pode um médium ser fascinado, e iludido um grupo; mas, a verificação severa a que procedam os outros grupos, a ciência adquirida, a alta autoridade moral dos diretores de grupos, as comunicações que os principais médiuns recebam, com um cunho de lógica e de autenticidade dos melhores Espíritos, justiçarão rapidamente esses ditados mentirosos e astuciosos, emanados de uma turba de Espíritos mistificadores ou maus". - Erasto, discípulo de São Paulo. (Paris, 1862)

***

Bibliografia consultada sobre Hermes Trismegisto: Hermes Trismegisto - Ensinamentos Herméticos AMORC Grande Loja do Brasil - Dr. H. Spencer Lewis; Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbologia – Nicola Aslan; La Franc-Maçonnerie Rendue Intelligible à Ses Adeptes – Oswald Wirth; Encyclopaedia Britannica – Volume XI; O Vale dos Reis – O Mistério das Tumbas Reais do Antigo Egito; – John Romer; A Doutrina Secreta – Volume V – H.P.Blavatsky; Odisseia - Homero

Comentários adicionais:

(1)Hercílio Maes/Ramatis, como era também ligado ao Rosacrucianismo, incluiu no livro "O Sublime Peregrino" (cap. I) o seguinte comentário: "Assim, em épocas adequadas, baixaram à Terra instrutores espirituais como Antúlio, Numu, Orfeu, Hermes, Crisna, Fo-Hi, Lao Tsé, Confúcio, Buda, Ma-harshi, Ramacrisna, Kardec e Ghandi, atendendo particularmente às características e aos imperativos morais e sociais do seu povo." Vemos aí, mais uma vez, que Hercílio Maes "importa" do rosacrucianismo diversas concepções, possivelmente colocando-as na boca de um espírito, como já vimos no artigo investigativo "Ramatis pode nem existir". Confiram.

(2) No trecho acima mencionado, Orfeu também é mencionado como figura real, enquanto, na verdade, também não passa de uma personagem da mitologia grega, filho de Apolo e da Musa Calíope.

28 fevereiro 2012

Até Divaldo Franco anda abismado...



Diante de tantos absurdos que estamos vendo sendo publicados em nome do Espiritismo, até mesmo o antes tão "diplomático" médium Divaldo Pereira Franco resolveu se pronunciar. Sem dar "nome aos bois", como se diz popularmente, o médium alerta para a onda de obras anti-doutrinárias que vem assolando o meio espírita, tal qual já alertamos por diversas vezes aqui, principalmente nos nossos últimos artigos: "Saint Germain, Novo 'Governador do Planeta' ou apenas um Bon Vivant?", "Insistindo nos mesmos erros" e "Artigo investigativo: Ramatis pode nem existir".

Divaldo acertadamente aponta as "revelações estapafúrdias" e as "ameaças de acontecimentos negativos por não se exercitar a mediunidade e a caridade" como questões graves contidas nesses livros, além de chamar a atenção dos centros espíritas que vendem obras anti-doutrinárias em suas livrarias a pretexto de que "é isso o que o povo pede".

Não obstante o acerto na crítica, Divaldo Franco emite uma opinião que em nada se assemelha às recomendações dos espíritos superiores e do próprio Allan Kardec. O citado médium acredita que é silenciando que melhor colaboramos para obstar a penetração dessas ideias e obras anti-doutrinárias. Já o insigne Codificador, o bom-senso encarnado, claramente adverte:

“É preciso que se saiba que o Espiritismo sério se faz patrono, com alegria e apressuramento, de toda obra realizada com critério, qualquer que seja o país de onde provém, mas que, igualmente, repudia todas as publicações excêntricas. Todos os espíritas que, de coração, vigiam para que a Doutrina não seja comprometida, devem, pois, sem hesitação, denunciá-las, tanto mais porque, se algumas delas são produtos da boa-fé, outras constituem trabalho dos próprios inimigos do Espiritismo, que visam desacreditá-lo e poder motivar acusações contra ele. Eis porque, repito, é necessário que saibamos distinguir aquilo que a Doutrina Espírita aceita daquilo que ela repudia”. (Allan Kardec, Viagem Espírita em 1862. Instruções Particulares. VI.)

Já em "O Livro dos Médiuns", Allan Kardec volta à baila sobre a questão e arremata dizendo:

"Separar o verdadeiro do falso, descobrir a trapaça oculta numa cascata de palavras bonitas, desmascarar os impostores, eis, sem contradita, uma das maiores dificuldades da Ciência Espírita.”

Daí perguntamos como é possível desmascarar os impostores ficando em silêncio...

Interessante notar que, como já abordamos em nosso artigo "Divaldo apoia Ramatis... Mas, e daí?", parece haver uma grande contradição, já que Divaldo andou dando força justamente aos maiores responsáveis por esse movimento de ataque ao Espiritismo e que vêm lotando as prateleiras das livrarias com uma enxurrada de obras de conteúdo exótico, estapafúrdio, que não resiste à menor crítica doutrinária.

Os ditados de Ramatis, de Ashtar-Sheran, as obras de Diamantino Coelho, o mega-apócrifo "A Vida de Jesus ditada por Ele mesmo", os livros "recebidos" por médiuns ramatisistas, etc., têm todos a chancela do movimento auto-intitulado "universalista", exatamente o mesmo que comemorou a publicação do livro "Transição Planetária" do próprio Divaldo Franco, que confirma as profecias absurdas de catástrofes no chamado "fim dos tempos", o carro-chefe dos pseudossábios encarnados e os da erraticidade na sanha de chamar a atenção dos incautos por uma "conversão" apressada.

Portanto, embora reconheçamos que o médium Divaldo Franco apresentou avanços em sua maneira de pensar e até uma certa coragem ao expor esse terrível problema, falta muito para que ele cumpra as recomendações contidas nas obras da Codificação, em que verifica-se que o pensamento crítico deva ser claramente exposto, desde que, obviamente, reúna os elementos necessários para uma boa fundamentação. Na Doutrina Espírita encontramos o estímulo a uma postura ativa, e jamais a uma postura passiva, tímida e condescendente:

(...) “Observai e estudai com cuidado as comunicações que recebeis; aceitai o que a razão não recusar, repeli o que a choca; pedi esclarecimentos sobre as que vos deixam na dúvida. Tendes aqui a marcha a seguir para transmitir às gerações futuras, sem medo de as ver desnaturadas, as verdades que separáveis sem esforço de seu cortejo inevitável de erros”. (Santo Agostinho, Revista Espírita, 1863, julho.)

“Há polêmica e polêmica; e há uma diante da qual não recuaremos jamais, que é a discussão séria dos princípios que professamos.” (Allan Kardec, Revista Espírita - Nov/1858)