29 janeiro 2010

Uma Tese por demais "Cabeluda"


Uma das características marcantes dos espíritos pseudo-sábios é a pretensão de falarem sobre tudo com desassombro, com o intuito de demonstrar possuírem conhecimentos ilimitados e melhor impressionarem aos que lhes dão ouvidos.

Allan Kardec, assim como os Espíritos Superiores, fez várias advertências em relação a essa classe de espíritos, sendo que o Movimento (dito) Espírita brasileiro (MEB) parece ignorá-las, preferindo acreditar que tudo que provém do mundo espiritual deva ser acatado e mesmo publicado sem qualquer análise crítica (prática esta, aliás, tida erroneamente como anticaridosa), como se no mundo espiritual só houvessem espíritos sábios e iluminados, únicos capazes de se comunicarem com os homens. Ledo engano, o que denota um profundo desconhecimento da Doutrina Espírita e da metodologia kardeciana no trato com os Espíritos. E, como resultado, temos percebido o enorme avanço de ideias estranhas à Doutrina, tornadas conhecidas através de obras repletas de excentricidades, exotismos e heresias científicas e doutrinárias de toda sorte, misturadas a conceitos aceitáveis e palavras bonitas exaradas com o fito de despistar os leitores menos atentos.

No precioso livro "Viagem Espírita" (1862), o Codificador faz, já àquela época, comentários importantes sobre a questão:

“(...) Esses erros provêm quase sempre de Espíritos levianos, sistemáticos ou pseudo-sábios, que se comprazem vendo editadas suas fantasias e utopias (...) Mas, como esses Espíritos não possuem nem a verdadeira cultura, nem a verdadeira sabedoria, não conseguem manter por muito tempo o seu papel e a ignorância os trai. (...) é preciso que não temais, para o futuro, a influência dessas obras. Elas podem, momentaneamente, acender um fogo de palha, mas quando não se apóiam em uma lógica rigorosa, vede, ao fim de alguns anos – muitas vezes de alguns poucos meses –, a que se reduziram. (...)”

E conclui com o bom senso que o caracterizava: “(...) Uma vez que os Espíritos possuem livre-arbítrio e uma opinião sobre os homens e as coisas, compreender-se-á que a prudência e a conveniência mandam afastar esses perigos. No interesse da doutrina convém, pois, fazer uma escolha muito severa em semelhantes casos (...)”.

Em "O Livro dos Médiuns", Allan Kardec descreve a tática adotada pelos espíritos pseudo-sábios, alertando para o perigo que representam:

"Estes são os mais perigosos, porque afetam uma aparência séria, de ciência e de sabedoria, em favor da qual proclamam, em meio a algumas verdades e boas máximas, as mais absurdas coisas."

E arremata, ensinando qual deva ser a postura eminentemente espírita e correta em relação aos mesmos:

"Separar o verdadeiro do falso, descobrir a trapaça oculta numa cascata de palavras bonitas, desmascarar os impostores, eis, sem contradita, uma das maiores dificuldades da Ciência Espírita."

No que tange especificamente ao espírito Ramatis, já tivemos a oportunidade de listar e comentar inúmeras de suas discrepâncias em relação ao Espiritismo e às Ciências em geral, desde suas previsões apocalípticas de destruição do planeta que não se cumpriram até as descrições pormenorizadas da topografia marciana que em nada se assemelham à verdadeira conformação daquele planeta, teses estas que funcionaram como carros-chefes do citado espírito, e que hoje encontram-se flagorosamente desmentidas pelo tempo e pelo avanço da tecnologia e do pensamento humano.

No entanto, Ramatis não só se mostrou um equivocado profeta e astrônomo, mas também um bem mal informado médico dermatologista, com grande desconhecimento acerca da fisiologia humana. Na obra "Magia de Redenção", ditada ao médium Hercílio Maes, capítulo IX, intitulado "O uso do cabelo na feitiçaria" (página 163 - 7ª edição), consta o seguinte:

PERGUNTA - Poderíeis dizer-nos por que os homens ficam calvos e tal fenômeno é mais raro entre as mulheres?

RAMATIS - Apesar dos inúmeros fatores organogênicos e hereditários enfermiços, que enfraquecem a cabeleira humana, além do uso nocivo de cremes, gomas, produtos e tinturas químicas que atacam o bulbo capilar, uma das principais causas da calvície masculina é a ignorância do homem em cortar os seus cabelos. Aliás, modernamente, observa-se que as próprias mulheres também se candidatam à calvície prematura, por adotarem o cabelo curto e o deceparem fora de época. As leis que disciplinam os fenômenos da vida física, etérica, astralina ou mental, na verdade derivam-se de um só lei imutável e eterna - a Lei Divina da Criação Cósmica! Ela é a mesma lei que rege a coesão dos astros no campo sideral, a afinidade entre as substâncias químicas e o amor entre as criaturas humanas. Em consequência, até no corte do cabelo o homem deve obedecer a regência das leis que regulam o seu crescimento capilar, caso não deseje ficar calvo!"

Como pôde perceber o leitor, Ramatis aponta o corte dos cabelos como um dos fatores que provocam a calvície em homens e mulheres! - algo que, evidentemente, não faz o menor sentido, haja vista que, caso assim fosse, seríamos todos carecas, uma vez que não há quem não corte os cabelos nos dias de hoje.

Não se contentando em prescrever uma medida anacrônica para evitar a perda dos cabelos, Ramatis ainda chega a afirmar que o corte dos cabelos deva obedecer às fases da Lua, antigo mito cultural e crendice, hoje desmentida pela Ciência moderna. Na verdade, sabe-se que o cabelo é formado por uma proteína chamada de alfa-queratina, sendo que tudo o que acontece com ele está na parte interior do couro cabeludo, a três ou quatro milímetros de profundidade. Nosso cabelo nada mais é do que células mortas impregnadas de queratina. Portanto, não há uma conexão entre o crescimento dos cabelos com as fases da Lua, já que não se pode comparar crescimento dos cabelos com crescimento de plantações, por exemplo, que obedecem a leis bem diferentes entre si. Tal crendice tem origem nas mitologias dos povos agrícolas, que achavam que o que era bom para as plantas servia para os cabelos. Assim, conforme a superstição, aparar os fios na lua cheia aumentaria o volume; na minguante, teria o efeito oposto; na lua nova seria ótimo para renovar o visual e, na crescente, ideal para se tornar um Sansão ou uma Rapunzel. Há, sim, provas de que os fios reagem à melatonina, hormônio associado à luminosidade do meio ambiente, por isso a taxa de crescimento é ligeiramente menor durante o inverno.

23 janeiro 2010

Ramatís e o Espiritualismo Eclético


O confrade Marcus Vinícius Pinto, de Lavras-MG, nos enviou um interessante e bem escrito artigo sobre Ramatis que aproveitamos para aqui reproduzir. Agradecemos ao amigo a excelente contribuição.

"A mediunidade é a capacidade humana de transcender as limitações físicas e de adentrar no mundo espiritual. O médium é a criatura humana que dispõe de capacidade natural de realizar contato entre o mundo físico e o espiritual e servir de intermediário entre os dois planos da vida. A mediunidade, que é faculdade natural, própria de todo ser humano, em certos casos se manifesta de forma ostensiva, característica, permitindo o intercâmbio de sentimentos, emoções e conhecimentos entre os que aqui permanecem temporariamente (Espíritos encarnados) e os que se libertaram do corpo físico (Espíritos desencarnados). A partir da constatação da existência da mediunidade e dos Espíritos que se comunicam, Hippolite Léon Denizard Rivail, mais conhecido como Allan Kardec, recebeu grande cota destes conhecimentos da parte dos Espíritos Superiores, sistematizou-os, formando um corpo de doutrina filosófica espiritualista ao qual denominou Espiritismo ou Doutrina Espírita. Isto porque, segundo Kardec, “Para coisas novas precisamos de palavras novas: assim o exige a clareza da linguagem, para evitarmos a confusão inerente ao sentido múltiplo dos mesmos termos” (L.E. introd. 1). Em seguida, ele coloca que diversos são os espiritualismos e que nem todos acreditam nos Espíritos e nas comunicações deles conosco. Além, é claro, de outras diferenças de pontos de vista e de interpretações de questões espirituais. Para diferenciar a Doutrina dos Espíritos de outros ramos espiritualistas é que ele criou a nova palavra Espiritismo.

Acontece que nem todos os médiuns tomam como base de suas atividades as seguras orientações de Kardec e muitos não admitem sequer pertencer a uma sociedade espiritista ou a alguma federativa. E, pior ainda, querem divulgar que suas recepções mediúnicas são superiores ao conteúdo da obra de Kardec ou trazem algum acréscimo necessário à sua atualização. Um destes é o médium Hercílio Maes que viveu em Curitiba – Paraná e foi médium do Espírito conhecido como Ramatís. Seus livros psicografados contêm perguntas e respostas sobre diversos assuntos de cunho espiritualista. Este Espírito se refere muito ao Espiritismo em suas obras. Porém, ao analisar as questões, introduz conceitos, idéias e informações de outros ramos espiritualistas. Ramatís, em antiga edição do livro “Mensagens do Astral”, se afirma não espírita, sem rótulo e sem compromisso particular com determinada escola espiritualista. Ao mesmo tempo, afirma que sua última encarnação foi na Indochina, tendo sido “mestre iniciático” de um templo no século X. Afinal, o que ele segue? O que ele defende? Em certos momentos se refere, com relação a sua salada indigesta, como sendo “Universalismo” ou “Espiritualismo Eclético”. O segundo termo, talvez, seja o mais preciso para essa mistura irrestrita de tantas escolas espiritualistas: rosa-cruz, teosofia, yoga, ocultismo, esoterismo e outros “ismos” mais. Deve possuir consultores desencarnados nesses diversos ramos para assessorá-lo. O fato é que seus fiéis se dizem seguidores de “Jesus, Kardec e Ramatis”. Será que o Espiritismo, em sua origem com o Espírito de Verdade, estava programado para receber essas enxertias sincréticas e ecléticas, ou seja, toda essa mistura? É evidente que não.

No livro “Ramatís: Sábio ou Pseudo Sábio”, editora EME, o confrade Artur Felipe, em feliz ensaio crítico, demonstra os erros e contradições nas comunicações de Ramatís: As previsões aterradoras de final de tempos para o último período do século XX em que dois terços da população seriam dizimados (Mensagens do Astral) não aconteceram. Rituais, mantras, etc. são meios de se alcançar o "Cristo Planetário".(p. 302). As sondas norte americanas mapearam todo o planeta Marte e nada encontraram de vida organizada conforme o livro “O planeta Marte e os discos voadores”. No livro “Sublime Peregrino” Jesus é médium de outra entidade: o “Cristo Planetário” (sic). Em notas de rodapé é recomendado aos leitores a leitura de livros de yoga, esoterismo e outros. Quem aguenta? Muitos não lêem as obras básicas de Kardec. Como vão ser espíritas conscientes ainda misturando outros conceitos heterogêneos? Dizia Deolindo Amorim: - “O Espiritismo é universalista, porque os fatos do Espírito são universais, os seus problemas tem o sentido da universalidade, mas também é oportuno acentuar que o ESPIRITISMO não é uma forma de sincretismo doutrinário ou religioso, sem unidade ou consistência. NÃO, ABSOLUTAMENTE. Já se falseou muito a idéia de universalismo. Ser universalista é ter visão global de conhecimento, É ESTIMAR A UNIVERSALIDADE DOS VALORES ESPIRITUAIS ACIMA E ALÉM DE TODAS AS CONFIGURAÇÕES GEOGRÁFICAS OU HISTÓRICAS. UNIVERSALISMO É CONVICÇÃO, É UMA POSIÇÃO CONSCIENTE EM FACE DA CULTURA HUMANA E ESPIRITUAL; NÃO É, PORTANTO, A JUNÇÃO PURA E SIMPLES DE CRENÇAS, DOUTRINAS E PRÁTICAS DIVERSAS. (Deolindo Amorim – “Espiritismo e as Doutrinas Espiritualistas”). Na verdade Ramatís e seus seguidores são Espiritualistas Ecléticos e não espíritas. Porém, nas fachadas de suas instituições ostentam o nome de Espiritismo e de Sociedade Espírita. O ideal seria que se denominassem ecléticos e seguidores do Espiritualismo Eclético. Todas estas considerações são para esclarecer, sem perder de vista o Espírito fraterno, solidário, tolerante e benévolo que deve caracterizar a todos os que buscam a luz e a verdade."

15 janeiro 2010

Ramatis e a Lei de Reprodução

A reprodução, na espécie humana, se dá também através dos laços de afeição
Dentro de nossa análise dos ditados do espírito Ramatis, encontramos inúmeros posicionamentos unilaterais da citada entidade que contrariam diametralmente as preciosas instruções dos Espíritos Superiores a Allan Kardec, assim como o próprio senso-comum. É o caso da posição ramatisiana acerca dos métodos contraceptivos contida na obra "A Vida Humana e o Espírito Imortal", através do médium Hercílio Maes. Vejamos:

"Só existe um único e justificável recurso para a limitação de filhos, capaz de livrar o homem de qualquer responsabilidade para com a Lei do Carma: é a continência sexual! Fora disso, o homem é culposo de tentar fugir ou evitar as suas consequências procriativas! Em verdade, os próprios animais mostram-se mais corretos do que o homem nas suas relações sexuais, pois só as praticam em épocas de cio destinadas à procriação, mantendo-se em continência nos períodos de infecundidade!"

Como se vê, Ramatis afirma, textualmente, que o único e justificável recurso para a limitação de filhos é a abstinência, sendo que ainda aconselha aos encarnados agirem tal qual os animais irracionais, que só têm relações sexuais quando a fêmea está no cio!...

Com certeza, tal opinião radical, mais uma vez, nem de longe encontra respaldo na Doutrina Espírita e na Ciência Oficial, além de ser equivocada do ponto-de-vista moral, uma vez que Ramatis só admite o sexo para reprodução, ignorando que os seres humanos têm sua sexualidade não só motivada pela biologia e com vistas à reprodução, mas também e principalmente por valores afetivos.

Ramatis ignorou também que nos animais irracionais, os períodos de receptividade sexual, chamados de estro ou cio, ocorrem em intervalos específicos e identificáveis, seguidos por fases de atividade sexual, bem diferente do que ocorre na espécie humana.

Concordante com as conquistas da Ciência, da razão e da lógica, e não com preconceitos e radicalismos próprios dos espíritos pouco adiantados, o Espiritismo ensina que a ordenação bíblica — "crescei e multiplicai-vos" — inclusive utilizada por Ramatis para sustentar sua argumentação, não tem sido, até hoje, bem compreendida por todos. Os que se atêm à letra das Escrituras, sem penetrar-lhe o espírito, vêem nessas palavras uma lei divina, estabelecendo que a reprodução das espécies, inclusive a humana, deva ser livre e ilimitada, e que obstá-la seria grave pecado. Sem dúvida, a reprodução dos seres vivos é lei da natureza e preenche uma necessidade no mecanismo da Evolução; isso não quer dizer, entretanto, seja proibido ao homem adotar certas medidas para a regular. Tudo depende da finalidade que se tenha em vista.

No que diz respeito ao controle da natalidade humana, objeto, hoje, de complexas pesquisas nos campos da Biologia, da Genética, da Farmacologia, da Sociologia, etc., e de acalorados debates entre teólogos e moralistas de várias tendências, a Doutrina Espírita nos autoriza a afirmar que, em havendo razões realmente justas para isso, pode o homem limitar sua prole, evitando a concepção.

A questão nº 694 de "O Livro dos Espíritos" dirime todas as dúvidas sobre o assunto, pois condena taxativamente apenas "os usos, cujo efeito consiste em obstar a reprodução, para satisfação da sensualidade", deixando claro que pode haver, como de fato há, inúmeros casos em que se faz necessário não só restringir, mas até mesmo evitar qualquer quantidade de filhos.

"O homem se distingue dos animais — disseram ainda os Espíritos Reveladores na Codificação — por obrar com conhecimento de causa." Portanto, o que dele se espera não é apenas que procrie por força do instinto sexual, qual mero reprodutor, mas que sejam pais e mães responsáveis e zelosos, dignificando a existência de seus filhos.

Ramatis ainda chega a afirmar que "não foi necessário o uso de pílulas anticoncepcionais para limitar-se a procriação dos animais antediluvianos e monstruosos, como eram os brontossauros e dinossauros, pois eles foram escasseando sob o rigorismo da própria Lei que os criou", numa comparação dantesca com os animais pré-históricos, num claro incentivo à reprodução descontrolada e irracional.

Mais adiante, após condenar o erotismo, o desejo e o prazer oriundo do contato sexual, cai em contradição ao responder a seguinte pergunta ao falar dos sultões e seus haréns, indiretamente justificando a poligamia:

P.: "E que dizeis desses sultões, donos de vastos "haréns" de mulheres, cuja descendência atinge a centenas de filhos?

Ramatis: - "Eles cumprem a Lei da Procriação sob os costumes e a moral concebida pela sua raça, atendendo às próprias necessidades dos espíritos de sua linhagem evolutiva!" (...) Assim, a prolífica descendência dos sultões, no Oriente, ou de certos povos e tribos disseminadas pela África e Ásia, auxilia na solução dos problemas espirituais, porque proporcionam os corpos ou instrumentos de aprendizado para outros irmãos desesperados ou carentes de alfabetização, através do livro da natureza material!"

Já os Espíritos Superiores, em resposta à questão 701, ensinam que a abolição da poligamia, lei ainda existente entre alguns povos, marca um progresso social – que dizemos grandioso –, porquanto "o casamento, segundo as vistas de Deus, tem que se fundar na afeição dos seres que se unem”. E concluem sabiamente:

"Na poligamia não há afeição real: há apenas sensualidade."

Seguindo com suas "instruções" sobre sexo somente para procriação, Ramatis ainda afirma que um casal deve ter, no mínimo, quatro filhos (!), para estar quite com a Lei, o que é uma insensatez, pois estabelece um parâmetro único de conduta para todos os casais existentes no planeta.

Verificamos, assim, que o Espiritismo estabelece que o indivíduo pode regular, segundo a sua vontade, o número de filhos que deseja possuir, aquilo que hoje conhecemos como "planejamento familiar". Já Ramatis, adotando um posicionamento radical e moralista, atrela o sexo apenas à reprodução, tal qual um fundamentalista religioso, que enxerga pecado em tudo. Frente a tal absurdo, um dos médiuns de Ramatis, Wagner Borges, em seu livro "Viagem Espiritual", chegou a afirmar que tal pensamento sobre os contraceptivos não seria de Ramatis, mas sim uma interferência anímica de Hercílio Maes, na já conhecida estratégia de defender o espírito de qualquer maneira, exaltando-o quando ele parece acertar e imputando os inúmeros absurdos única e exclusivamente ao médium.

Esperamos que o leitor tenha podido, mais uma vez, aquilatar o que é ensino espírita e diferenciá-lo daquilo que não passa de uma inglória tentativa de um espírito pseudo-sábio em impor suas ideias, tomadas como reflexo da Verdade e que deseja, a todo custo, que prevaleçam.

13 janeiro 2010

Rizzini descreve Ramatis, sem meias palavras


Jorge Toledo Rizzini (1924 - 2008), escritor consagrado, jornalista profissional, polemista dos melhores, desde cedo mostrou-se grande defensor dos postulados doutrinários e do Espiritismo bem estudado e entendido, além de detentor de elevadas aptidões mediúnicas em favor do Bem geral. São de sua autoria os excelentes "Escritores e Fantasmas", "Materializações de Uberaba", "Caso Arigó" e outros, escritos via mediúnica.

Amigo pessoal de José Herculano Pires e de Chico Xavier, não se furtou de comentar sobre o espírito Ramatis, que tanta confusão semeou e ainda semeia com seus livros repletos de informações desencontradas e fantasiosas, sem qualquer amparo na Ciência e na Doutrina Espírita.

Artigo: "RAMATIS E O PLANETA MARTE"

A NAVE DE RAMATIS – QUE ESTÁ SEMPRE LOTADA DE ANALFABETOS ESPÍRITAS.

"O Espírito Ramatis sabe jogar com rara habilidade com fantasias e verdades. E, por não desprezar a verdade, conseguiu ludibriar até mesmo alguns que se julgavam conhecedores da Doutrina Espírita. Mas não é exatamente mau. O problema é que ele convulsiona o Movimento Espírita com suas fantasias, através de um estilo austero, professoral, às vezes dramático.

Sua palavra é a última sobre qualquer assunto. Não há pergunta que o deixe embaraçado, seja sobre química ou física nuclear, botânica ou astronomia, pintura ou medicina, etc. Mas, entre os temas de sua predileção um há que o deixa enternecido e sobre o qual chegou a escrever um livro com mais de quatrocentas páginas e que tem o sugestivo título de “A Vida no Planeta Marte” (e os Discos Voadores). A obra foi publicada em 1956, mas é atualíssima, pois os cientistas da Terra estão pesquisando aquele planeta.

Enquanto Ramatis, com seu estilo doutoral, com sua imaginação indomável, nos diz a respeito de Marte que:

- Já tem, aproximadamente,um bilhão e meio de habitantes;
- O Espírito reencarnante marciano vive no casulo materno sob condições análogas às terrenas;
- Estamos em relação aos marcianos, com relação a eletrônica, quatrocentos anos atrasados, e, moralmente, um milênio;
- Todos os sistemas religiosos do planeta são reencarnacionistas e entram em contato com os Espíritos desencarnados.

Estas e outras informações são de Ramatis, autor que fascinou os leitores e os fez sonhar com o planeta Marte. Sua capacidade de narrar é singular, e sua imaginação ardente, se não supera pelo menos se iguala a dos fantásticos criadores de estórias em quadrinhos. Impossível não realçar essas qualidades, que lhe granjearam, logo ao ser publicado o seu primeiro livro, os aplausos do público em geral e, particularmente, de milhares de espiritistas incautos, que nele viram uma sumidade do Além.

Ramatis é um espírito enfermo - trata-se, evidentemente, de um caso de megalomania, enfermidade mental. E não de maldade deliberada, já que suas mistificações, por estranho que pareça, sempre visam enlevar o público. Que a enfermidade atingiu o mais alto grau, não há dúvida, pois Ramatis se comove quando fala do Evangelho, como quando fala da "civilização marciana". Ele mistura verdade e mentira na mesma emoção. Ao invés de recriminações, Ramatis merece compreensão e preces.

Os que merecem mesmo cuidados especiais são os “espíritas” que ainda estão radiantes com a leitura de livros de Ramatis. Esses sim são detentores de um potencial capaz de deturpar o Movimento Espírita." ("Jornal Espírita", São Paulo-SP, fevereiro de 1977).