14 fevereiro 2009

"Férias" em Fobos e Deimos?

Os satélites de Marte são muito pequenos para abrigar toda uma população de férias
O querido leitor deve ter, logo de cara, estranhado o título do artigo, mas logo explicaremos do que se trata.

Antes de qualquer coisa, se faz necessário esclarecer que o Espiritismo aceita como plenamente possível a existência de vida em outros planetas. Não seria racional acreditar que Deus teria criado o Universo infinito para só aqui abrigar vida inteligente, neste diminuto e insignificante planeta chamado Terra. Hoje, a Ciência admite plenamente essa realidade, sendo que recentemente novos cálculos feitos por Duncan Forgan, um astrofísico da Universidade de Edimburgo, na Escócia, apontam para a existência de civilização em até quase 40 mil planetas só nas cercanias de nossa galáxia.

No entanto, nem a posição espírita, nem a posição da Ciência oficial, podem servir de justificativa ou mesmo prova para que se dê credibilidade total a qualquer relato dos espíritos neste sentido, ainda mais quando vêm acompanhados de detalhes e narrações bizarras que, nas mais das vezes, encontram-se repletas de erros e inexatidões.

Em "O Livro dos Espíritos", os espíritos superiores de antemão alertam que os espíritos não nos vêm poupar dos trabalhos que nos competem, i.é, não revelam aquilo que cabe a nós, encarnados, através do esforço, descobrirmos por conta própria.

A Ciência Espírita, seguindo esse mesmo princípio, tem por objetivo o espírito, suas manifestações na Terra e suas relações com os homens. O Espiritismo estuda e pesquisa o mundo espiritual e não mundo materiais.

Segundo o astrônomo espírita Dulcídio Dibo, muitas comunicações sobre a vida em outros planetas contrariam os princípios metodológicos do Espiritismo, além de estarem opostas aos resultados das pesquisas astronômicas e científicas em geral. E deduziu o seguinte:

"1 - Não são todas as comunicações dos espíritos (mesmo os conhecidos como astrônomos) que devem ser consideradas válidas;

2 - A pluralidade dos mundos habitados é corolário do princípio da reencarnação e vice-versa: é neste sentido que as informações dos espíritos interessam ao Espiritismo;

3 - O problema científico do esclarecimento da vida material em outros planetas não compete à Doutrina Filosófica Espírita, mas, sim, à Astronomia e, mais recentemente, à Astronáutica. Da mesma maneira, o problema da vida espiritual em outros planetas ou astros compete à Doutrina Filosófica Espírita;

4 - A pesquisa das condições dos ambientes ecológicos dos planetas e de seus possíveis habitantes pertence aos homens e não aos espíritos;

5 - Os espíritos podem e estão transmitindo as informações que quiserem; contudo, o Espiritismo deve aguardar as confirmações, ou não, da habitabilidade dos planetas pelas pesquisas científicas dos homens".

Voltado ao título deste artigo, encontramos no livro de Ramatis "A Vida no Planeta Marte e os Discos...", no capítulo XXVII, intitulado "Viagens Interplanetárias", a afirmação por parte do citado espírito de que os marcianos costumam realizar viagens ao satélites naturais daquele planeta através de uma linha de vôo regular aos fins-de-semana. O "interessante" é que Ramatis cita a grandeza da civilização marciana, com suas enormes metrópoles e indústrias, o que só fariam sentido em existir em um planeta densamente povoado. No entanto, estudando sobre os satélites marcianos, verificamos que os mesmos são diminutos em tamanho: Fobos tem um diâmetro aproximado de 22km e Deimos não ultrapassa 11,5km. Assim sendo, uma quantidade extremamente pequena de marcianos poderia visitá-los sem acarretar um grande problema de falta de espaço. Além disso, Deimos e Fobos estão longe de ostentar uma forma esférica. Ao contrário, mostram grande discrepância entre seus respectivos eixos maiores e menores. O resultado disso é o estranho aspecto que apresentam e que faz lembrar duas gigantescas batatas deformadas. São também os corpos mais escuros do sistema solar, pois não refletem mais que 5% da luz solar. Baseado no próprio relato de Ramatis, os marcianos ingerem água. Pelo jeito, teriam de levar uma grande quantidade do líquido até os dois satélites, porque sequer há traços de enrugamento em suas superfícies, demonstrando, assim, jamais ter existido água por lá.

Verificamos, portanto, mais uma vez, que o espírito Ramatis, para passar uma idéia de superioridade espiritual, aventurou-se a falar daquilo que não sabia, não contando que, anos mais tarde, o homem teria condições de enviar sondas não-tripuladas e fotografar Marte e seus satélites, além de contar também com o avanço dos instrumentos óticos para observação.

Em resumo: os Espíritos não se manifestam para libertar o homem do estudo e das pesquisas, nem para lhe transmitirem, inteiramente pronta, nenhuma ciência. Com relação ao que o homem pode achar por si mesmo, os espíritos o deixam entregue às suas próprias forças. Isso sabem-no hoje perfeitamente os espíritas sérios e lúcidos. A experiência há demonstrado ser errôneo atribuir-se aos Espíritos todo o saber e toda a sabedoria e supor-se que baste a quem quer que seja dirigir-se ao primeiro Espírito que se apresente para conhecer todas as coisas.

Já a insistência do argumento ramatisista de que os "marcianos" possam estar em outra "faixa vibratória" e que não podem ser detectados, além de ir contra o texto do próprio Ramatis, é uma forma de tornar a tese jamais passível de verificação, e, portanto, fazê-la não-científica.

Recentemente, Ramatis teria previsto a aparição de extraterrenos:

"Os irmãos extras preparam-se para, muito em breve, manter contato direto conosco, no início através de sinais nos céus e por fim pousarem no campo e depois nas cidades, à vista de todos. Então, as pessoas devem estar preparadas para recebê-los com tranqüilidade e confiança, na certeza de que estão aqui para socorrer-nos, evitando-se afobações, correrias e tropéis que só servem para aumentar o sofrimento e o desperdício de almas. Após os primeiros contactos haverá informações sobre como as pessoas devem proceder com relação ao recebimento de ajuda." (mensagem recebida pelo Grupo de Estudos Ramatís)

Nem esperemos pra ver, porque certamente nada disso acontecerá, a não ser, talvez, no próximo filme do Steven Spielberg...